Do insight à prateleira: os 7 passos do desenvolvimento de um produto alimentício
- FoodTech Consultoria
- 29 de mai.
- 4 min de leitura
15h40, para profissionais técnicos

Boas ideias para alimentos inovadores não faltam. O difícil mesmo é saber como transformá-las em produtos reais — que funcionem técnica, regulatória e comercialmente.
Essa é uma das principais barreiras para quem deseja atuar com Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na área de alimentos. O mercado exige muito mais do que criatividade: é preciso conhecer a fundo o comportamento do consumidor, entender as exigências da legislação brasileira, dominar o uso técnico dos ingredientes e saber estruturar um projeto de desenvolvimento com clareza, método e objetivos bem definidos.
A maioria dos profissionais que desejam migrar para o P&D ou crescer na área esbarra justamente nisso: têm repertório, mas não têm processo. Sabem o que gostariam de criar, mas não por onde começar — ou como dar sequência a uma ideia promissora.
Neste artigo, reunimos os 7 passos essenciais para quem deseja desenvolver um produto alimentício do zero, com base nos conhecimentos técnicos e nas práticas adotadas por profissionais da indústria. É uma leitura indispensável para quem quer sair da ideia e chegar à prateleira.
1. Pesquisa de mercado: entenda o cenário antes de formular
Nenhum produto sobrevive no mercado se não tiver um público claro e uma proposta relevante. A primeira etapa do desenvolvimento é o entendimento profundo do contexto em que o produto será lançado.
O que você precisa saber:
Como funciona o mercado de alimentos no Brasil e no mundo
Principais tendências de consumo (plant-based, clean label, funcional, indulgente, etc.)
Necessidades do consumidor não atendidas
Comportamento do consumidor e análise de concorrência
Barreiras técnicas e regulatórias que impactam o desenvolvimento
🔍 Ferramentas úteis: análise SWOT, mapa de empatia, construção de persona, desk research e benchmark.

2. Conceituação do produto: defina o que ele é e o que promete
Nesta etapa, você transforma dados em uma proposta de valor. O conceito do produto deve orientar todas as escolhas seguintes.
Conhecimento essencial:
Posicionamento de mercado: custo-benefício, saudabilidade, indulgência, conveniência, etc.
Atributos sensoriais desejáveis: textura, sabor, aroma, cor
Perfil do consumidor
Diferenciais competitivos
Alinhamento entre proposta e viabilidade técnica
🧠 Um bom conceito é coerente com o mercado, com os ingredientes disponíveis e com os limites da legislação vigente.

3. Planejamento do desenvolvimento: da bancada ao mercado
Após validar o conceito, é preciso desenhar um plano técnico claro. O desenvolvimento envolve testes, prototipagem e ajustes até a versão final.
É necessário compreender:
Como construir uma linha de desenvolvimento: da bancada à escala industrial
Etapas como prototipagem, ajustes de processo e validação
Ferramentas de documentação, como fichas de testes, fluxogramas e laudos técnicos
Como coletar feedback técnico e sensorial de forma estruturada
📌 Profissionais que atuam com P&D precisam dominar a lógica do ciclo de vida do produto e dos testes em ambiente controlado.
4. Formulação: mais ciência, menos tentativa e erro
Na indústria, a escolha de ingredientes deve ser técnica. Cada matéria-prima tem:
Função tecnológica específica (emulsificar, estabilizar, conservar, etc.)
Composição química que influencia a textura, estabilidade, conservação
Viabilidade legal (permitido ou não em certos tipos de produto)
Impacto no custo e na escala de produção
Você precisa conhecer:
As propriedades físico-químicas dos ingredientes
A legislação relacionada à aplicação de aditivos e coadjuvantes
Como realizar ajustes de formulação para performance, custo e estabilidade
Sem esse conhecimento, o profissional fica preso à tentativa e erro — um caminho caro e pouco confiável.
5. Ficha técnica: controle, custo e padronização
A ficha técnica é indispensável para garantir consistência, controle de custos e segurança alimentar.
Elementos essenciais:
Cálculo de peso bruto, peso líquido e rendimento
Fator de correção, índice de cocção, CMV (custo da mercadoria vendida)
Método de preparo, porção e apresentação final
Diferença entre ficha técnica operacional e gerencial
🔧 O domínio de ferramentas para construir fichas técnicas com precisão é o que permite replicar o produto em escala e garantir margem de lucro.

6. Rotulagem e regulamentação: seu produto está legalizado?
A rotulagem não é apenas uma formalidade — é uma exigência legal com impacto direto na comercialização e na segurança do consumidor.
Conhecimento técnico necessário:
O que a ANVISA e o MAPA exigem em termos de rotulagem (tabela nutricional, alegações, ingredientes)
Como declarar alergênicos, transgênicos, glúten e lactose corretamente
Quais produtos exigem registro, notificação e quais estão isentos
Como calcular e apresentar as informações nutricionais de forma padronizada
⚠️ Um erro simples no rótulo pode levar à retirada do produto do mercado ou a multas regulatórias.
7. Conservação e embalagem: proteja o que você criou
O produto precisa chegar ao consumidor final com qualidade, segurança e informação adequada. Por isso, conservação e embalagem são etapas críticas.
O que é preciso saber:
Métodos de conservação (térmicos, químicos, fermentação, desidratação, frio)
Fatores intrínsecos e extrínsecos que afetam o shelf life
Tipos de embalagem (convencionais, ativas, inteligentes) e seus usos ideais
Critérios de escolha de embalagem: função, material, comunicação e sustentabilidade
💡 A decisão por um tipo de conservação e embalagem deve considerar o tipo de alimento, a cadeia logística, a durabilidade e a percepção do consumidor.
Conclusão
Desenvolver produtos alimentícios de forma profissional exige um conjunto sólido de conhecimentos técnicos, estratégicos e regulatórios.
Dominar esse processo é o que permite criar produtos que não apenas sejam viáveis, mas também inovadores, seguros e com apelo de mercado.
Na FoodTech School, acreditamos que esse conhecimento precisa ser prático, aplicável e conectado com a realidade da indústria. Nossa base nasce da Consultoria de Alimentos, que há anos apoia empresas e profissionais no desenvolvimento de produtos e na adequação técnica e regulatória de alimentos.
Todos os nossos professores atuam diretamente no setor: desenvolvem produtos, lideram áreas de P&D em indústrias de diversos portes, realizam pesquisas e enfrentam diariamente os desafios técnicos e estratégicos que esse conteúdo exige. Isso garante que nossos materiais, formações e conteúdos estejam sempre alinhados com o que o mercado realmente precisa.
Se você está trilhando o caminho para atuar em Pesquisa e Desenvolvimento, saiba que está em boa companhia. Aqui, compartilhamos conhecimento que parte da prática, da experiência e da construção de soluções reais para a indústria de alimentos.
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Data: 29/05/2025
Autora: Camila Salgado
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